sábado, 23 de setembro de 2017
O Último Amanhecer da Aurora
Claros
como o sol, seus olhos me matam carinhosamente todos os dias. Neste boreal
indefinido, cada palavra é macia como pelo, cada momento um mistério insolúvel,
cada lembrança trás um segundo de delírio. Apenas pelo prazer do brilho, eu
sempre volto para este verdadeiro encontro interior com você. A serenidade de
flutuar em um mundo mágico onde somente você poderia me levar, torcendo-me de
volta ao lugar no qual eu sempre anseio retornar para por meu rosto de anjo entre seus braços reconfortantes. Através do espelho eu vejo você pentear
suavemente seus cabelos e cantarolar sua música preferida, porém eu também vejo
a frieza no seu olhar, casualmente escorrendo por sua pele trêmula como uma
lágrima do luar arrepiando seu corpo. Abaixo do céu esmeralda encontra-se uma
terra de linhas e porcelana, mas tudo isso dentro da sua cabeça, onde a verdade
negada se esconde por trás dos seus olhos. Assim, as formas de âmbar do sol
dançam na parede e o seu último amanhecer nasce trazendo o vento morno das
folhas de outono, nadando por sua pele e pousando sob suas bochechas, vendo
minhas palavras navegarem para fora da direção do ar, pois agora seus olhos
veem as estrelas antigas, onde nossas sombras se reformulam nas grandes ondas
brancas da saudade. Feche seus olhos e respire o verde esvoaçante da grama, daqueles
lugares perdidos onde seu espectro ainda dança preguiçosamente no eterno vazio.
Aqui nós caímos deliciosamente de uma nuvem e nos fundimos a uma gota de chuva,
sentindo o frio em nossos ossos, enquanto os olhos lacrimejam, nuvens brancas
bonitas e árvores suando como neve suja. Até nosso pecado, eu poderia vê-lo se
esvaindo para que nós encontrássemos a harmonia e paz de espírito, mas envoltos
por uma gelatina, nós sabemos que uma hora chegaremos ao chão e a queda será
impelida pelos nossos próprios vermes. Nós ouvimos o grito de alguém chamando
como quando o vento canta junto ao rio, rasgando o céu com figuras selvagens e
espalhando os pássaros por todos os lugares. Mas ainda não acabou, o sol
continua ardente como seus desejos, trazendo as cinzas do entardecer... e para
sua surpresa, você olha para os números do telefone e não reconhece nenhum,
pois seus pensamentos foram distorcidos pelas visões do mundo vindouro. Mesmo
assim, você continua procurando por um nome, um nome que você deseja muito
lembrar, mas que foge da sua memória. Todas as cores azuis do céu escurecem e
você se vê sozinha em um mundo caótico, perguntando-se por onde anda toda
aquela elegante e charmosa voz mansa que estava próxima de você, mas que seu
orgulho afastou para longe... e como fogo nas veias, você sente todos os poemas
que ignorou queimando na sua pele, todas as palavras verdadeiras que eram
destinadas a você. Então a cortina cai e você vê muitos rostos aplaudindo,
sorrisos estranhos e olhos pervertidos, todos apaixonados pela máquina fria que
você se tornou. Com uma reverência chula, você se despede e sai correndo pelas
ruas, ainda procurando pelo que você não sabe o que é, mas que parece tão
palpável, tão próximo quanto sua própria sombra. Agora você sabe aonde deve ir,
mas de repente a lua já está no alto, uma pérola prateada te observando com um
olho fulminante, trazendo o anoitecer que você tanto temia. Sua lanterna se
apaga e a escuridão te cobre, apenas luzes fracas e ruídos distantes da cidade.
Você se sente amarrada ao mundo, sem nenhum som na cabeça, cuspindo trevas por
onde anda. Mas lá estava... um rosto na multidão, estava ali bem perto de você,
você saiu correndo sorrindo com aquela sensação das cores colidindo, passando
por cima de todas aquelas marionetes, irradiando a luz fraca da lua e sentindo
o ar frio da noite dançando em sua calcinha de renda, só mais alguns passos e
você não precisaria mais fugir do seu destino... então veio o aperto, tudo
ficou em câmera lenta e as batidas do seu coração finalmente pararam... sombras
escuras e mãos negras te puxando para baixo, as pessoas te olhando com um ar
de desprezo, mas você manteve seu olhar fixo em mim, enquanto sua alma era
levada para o esquecimento.
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
Diamante Negro
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
Sob o Mesmo Céu
À
medida que o tempo passa, meu caminho parece menos definido, cada fachada é
desunida, cada aspecto da alma muda diante das vozes que se mantém gritando,
mas como sonhos de alguém que nomearam com o meu nome, eu pareço atravessar
sólidas âncoras de um sentimento humano, tentado a olhar para trás, porém os
caminhos pisoteados parecem ultrapassados, enquanto olhos vazios me vigiam
dizendo por qual caminho eu devo seguir. Assim, eu sento ao redor da margem desse
sentimento, assistindo meu orgulho sendo espalhado pela areia entre os
reluzentes raios do sol, com meus pensamentos abraçados pelo nada, tão inocente
como a fresca neve jovial. Para fugir dos meus vícios, eu sigo esses passos
evanescentes, livre da fúria e da preocupação, refletindo sobre como poderia
ser uma vida cheia de amor e magia. Como terras proibidas que sempre desejei
ir, eu ouço as árvores falando comigo e todas elas carregam a sua voz,
movendo-se adiante ou escondendo as consequências, apenas uma nova vida e um
novo jeito de recomeçar. Eu coloquei toda minha confiança em você, para que
pudesse me bisbilhotar por dentro no abismo que eu tento esconder. Mas por que
a escuridão foi embora? Por que eu não morri? Eu sinto como se todos os meus
desejos profundos estivessem se tornando realidade, um mundo no qual só nós
dois teríamos ouvido falar. As batidas do meu acalentado e esquizofrênico
coração permanecem em silêncio, escondendo o que está por trás dessa sensação de
que tudo irá se encaixar quando eu estiver ao seu lado. Nesses momentos, eu me
pergunto se serei aceito por vocês, como quando ingressamos para uma prestigiosa
faculdade e adentramos um mundo completamente diferente daquilo que um dia imaginamos.
Mas a dor é única, uma chama que incinera e ameaça queimar tudo, sem ilusões ou
seduções, quando chega o momento certo: eu preciso estar aonde fui destinado a
estar, acreditando que vocês são os únicos quem poderiam me levar para este
lugar longe da neblina que assombra minha mente, com estrelas sobre um céu
escuro curvando-se à vontade de deus, este lírico que confirma minha rendição.
O mundo ao meu redor está desaparecendo por sonhar ter uma nova família como um
homem mudo e cego pelo desejo. Para mim não resta outro recurso a não
ser fugir e um dia retornar para ser reconhecido, pois este é o meu epitáfio, a
hora de despertar e conhecer as maravilhas que os olhos comuns não podem ver, desde
o momento que vi pela primeira vez como um presente disfarçado, implorando para
ter o que estava longe do meu alcance. Agora você está aqui e tudo parece fazer
sentido novamente, eu ouço ecos do tempo que já passou, mas que me levaram para
longe do hoje. Veja, sua linda e negra
pele possui a cor do pecado, mas seus olhos brilham com a luz que me leva para
o paraíso. Todos os segundos eu busco uma resposta para nenhuma pergunta, pois
quando estou com você somente o momento importa. De sua boca sai um som amargo,
mas que se adocica toda vez que eu me aproximo. Parece que estou almejando
alívio desta certeza escura, que haverá algo pelo qual tudo isso valerá a pena.
Eu divago pela noite e estou pronto para dar um último passo, seja do penhasco
que dissipará minha vida ou do recomeço que suas mãos me carregam para o grande
desconhecido.
quinta-feira, 20 de julho de 2017
Abdução
Mais
rápido do que a presença do ceifeiro, minha vida fútil está a ponto de
terminar, mas para matar a arte é realizada pela lâmina. Eu abro a porta do
terror e ouço a multidão exigindo por um herói, as lendas nascendo como
sussurros que preenchem o ar, em busca de glória e fama, enquanto o olho do mal
brilha no escuro. Com as mãos agarradas no crucifixo, a luz da minha tocha
lança sombras na parede, vendo uma criatura sem nome esperando pelo falecimento
da raça profana. A noite fria e enluarada não consegue mais esconder o seu
sangue negro escorrendo pela minha face, pois como uma espada de fumo me
cortando, o negro desce e me separa em um espelho fragmentado, ouvindo sons
frágeis de ódio ecoando na minha mente perversa. À deriva nas sombras, o
focinho da madrugada funga seu vento congelante, sentindo meu crânio condensar as
mensagens do mundo vindouro: a porta do além está aberta, mas quando olho para
trás os lapsos do tempo revelam outros mundos secretos, puxando minha alma por
um vento repentino que aumenta as chamas do meu testamento férreo. Então eu me
pergunto, com esta faca envenenada em minhas costas, minha vida está por um
triz? O toque do pecado sempre é doce como os sonhos que se tornam realidade,
mas eu vejo tantos pássaros voando por cima de mim e penso em quantas coisas se
passaram em minha direção sem que eu enxergasse o quão maravilhosa é a criação,
pois cada passo é uma dança na borda da mandíbula gelada, uma realidade à flor
da pele que sentimos quando estamos despertos. Eu tenho saudade do calor frio
que corre pelas veias quando o perigo se aproxima, cada polegada encharcada de
sangue que me arrepia através da interminável sensação de que o pesadelo nunca
termina. Mas na manhã seguinte o sol acorda silenciosamente como um exemplo
brilhante para todos, transformando o céu nublado em olhos observadores, uma
nuvem de neblina lentamente acalmando meu coração e afastando a escuridão,
enquanto tudo ainda está dormindo. Até os vermes que comem meu rosto se
escondem nos escombros para que a luz realinhe minhas feições como um sopro
gelado rasgando a podridão da minha decadência. O meu peito esquenta e as
lágrimas quentes jorram em minha face sem permissão, afinal tudo parecia
acabado, mas a própria criação me trouxe de volta à fonte da consciência, onde
os pensamentos são reorganizados para encontrar uma solução do problema.
Portanto, por que eu desistiria de viver, se a própria vida deseja que eu viva?
Assim, não importa quantos olhos escuros
estejam mirados em mim, nem quantos predadores desejem o meu sangue fresco, eu
posso correr para qualquer lugar e ninguém poderá me impedir, pois a única
coisa que me separa da verdadeira felicidade é o medo de viver intensamente.
Quando as tempestades da loucura chegam gritando no ar, uma erupção vociferante
tenta destroçar os portões da mente, porém quanto mais consciente da minha dor eu
estiver, menos chances eu terei de ser penetrado pelo furor da chama do desespero,
por que eu sinto que o circulo das escolhas está delimitado por um sinal, uma
união de almas ensombrecendo a vela acesa, numa profundidade subaquática que se
delineia na cera para incinerar o combustível que alimenta a vida. Ora, talvez
você que está lendo nunca consiga entender a razão pela qual eu escrevo estas
palavras, mas quero que saiba que quando eu as leio, elas me lembram de quem eu
sou. Como um bobo se perdendo em suas risadas, eu atravesso o véu destas linhas
para encontrar um lugar secreto no vento através dos limites do espaço-tempo, onde
verdadeiro e falso são somente os lados invisíveis de uma mesma verdade voando
sobre minha cabeça como um tormento forte, para tocar na magia que ilumina o
momento e ouvir o significado da voz que sussurra o meu nome.
quinta-feira, 1 de junho de 2017
Volúpias da Estrela Rutilante
Tentado a se mover ao anoitecer, eu olho para o relógio das sombras, mas meu corpo está
frio e enrolado como um feto, sendo regado por um filtro de sangue que excita minha
carne. Minhas cordas vocais são arrancadas e o único som que eu ouço é de
advertência, uma voz fraca que diz para eu parar de fugir do meu destino até
que o destemido dia venha e o ato esteja completo, pois a expressão da minha
vida é uma blasfêmia. Quão engenhosos foram todos aqueles anos de mentira? Escondendo
da minha família a verdade, àquelas horas esperando encontrar uma centelha da sua luz boreal, por que o sofrimento de um homem sempre recria o processo da dor
novamente, vendo a consciência como uma maldição, porquanto mais você abre os
olhos, mais você despreza o formato da criação. Eu posso ouvir meu coração
chorando, lembrando-se do sol batendo nas costas, enquanto o gosto de azeitonas
e prazeres se congela na minha memória. Agora a grama nunca foi tão verde,
acordando em algum lugar lá fora, eu tento encontrar qualquer sentido para toda
essa miséria, torcendo minha cabeça e empurrando-me de volta aos eixos da luz
azul, estou vagando debaixo das águas e nenhum som me atormenta como chuva
caindo no meu rosto e lavando toda minha tristeza. Eu só preciso de uma palavra
do homem lá de cima, antes que você me veja caindo, atravessando tão fácil essa
onda gigantesca que nos separa, para que eu possa ficar mais perto de você.
Vamos querida, diga as palavras novamente, não guarde essa mágoa como conchas preciosas,
pois esse sentimento que você esconde sempre gritou pelo meu nome. Talvez
você não saiba o que significa estar só, mas quando você está acompanhada o
vazio preenche seus olhos, uma sensação que nunca te deixa triste, por que minhas
palavras sempre caem em seus ouvidos surdos. Enquanto o sol mostrava uma
sombra cansada, meus lábios se encobriam de mistério, tentando lhe dizer a
verdade sobre este sentimento que te persegue, pois o nosso amor está muito
acima das emoções humanas. Não importa quantos séculos se passem em um segundo, o
caminho estreito e sinuoso sempre nos levará para o mesmo lugar, embora
estejamos sempre nos desviando dele. Eu não possuo palavras sempre feitas,
exceto por você, esse enxame de inspiração que transborda com a lembrança do
seu rosto, puxando minhas terminações nervosas como uma música que se repete na
minha cabeça, escrito na minha pele, correndo pelas minhas veias, expelindo por
meus poros abertos... minha eterna amada aurora, com tantas terras e novos horizontes,
onde foi que eu errei para que você partisse? Surfando em meio às ondas e tentando encontrá-la através
delas, o vento me levou para o golfo do desespero, onde o redemoinho continua me puxando para baixo, enquanto vejo um pássaro dourado abrindo suas asas no
sol, tão orgulhoso e vaidoso, cantando a sua canção de ninar para mim. Esse
pássaro é você? Então, por que não posso ser como você, voando tão alto como
uma pipa? Não seria melhor do que você descer para um mergulho? Venha viver comigo e me ame na escuridão, tão profundo e escuro
quanto um eclipse solar, coberto por águas de um espiral eterno. Você acha que
o céu é mais alto do que a terra? Eu te daria todas as estrelas do céu, até que
a lua estivesse completamente só, apenas para sentir seu beijo novamente, por que seus lábios transbordam todo o amor das constelações do universo e toda harmonia selvagem
da natureza, acima de qualquer sensação que eu possa descrever, uma canção que me despe de corpo e alma, aumentando a
temperatura do meu ser, enquanto flutuo acima das águas para lhe dar um abraço e cobri-la numa montanha de cristal. Como uma estrela caindo por vontade
própria, a sua luz reluz na escuridão, enquanto dançamos no salão aquático do mar negro da mente. Aos poucos eu vou cobrindo sua cabeça, esfriando no silêncio, à
procura de um refrão inovador, mas a sua canção se resume a versos que ninguém ouve
lá de cima.
segunda-feira, 1 de maio de 2017
Vivendo Uma Prece
terça-feira, 18 de abril de 2017
Realidade Artificial
Em
algum lugar o tempo parece me ultrapassar, ondas sonoras que vagam no silêncio
e se misturam com os ruídos que me cercam, como se outro eu estivesse vivendo e
movendo-se na mesma realidade, mas com escolhas e caminhos diferentes. Assim,
uma vez ou outra, eu sinto já ter vivido aquilo que estou vivendo ou faço
coisas que já tinha feito em outra reencarnação, porém a indefinição da vida e
da morte perturba os elos que me enlaçam na realidade fixa, por que as memórias
de uma consciência morta são apagadas com o tempo. Logo, aquele que está do
outro lado está vivo, buscando contato comigo ou com todos os outros que possam
existir sem o nosso conhecimento. Mas como saber que realmente há outros ou
nenhum? Não é incomum sentir que estou sonhando acordado, vivendo um teatro
falso e dramático, onde as pessoas procuram algo indefinido, algo visceral e
fundamental que nunca se coloca em palavras, mas que é bastante palpável. Quem
quer que mantenha os olhos bem abertos consegue ver uma sociedade completamente
degradada e corrompida, onde o instinto de procriação mais primordial da
humanidade tem sido banalizado, pervertido e explorado a ponto de perder toda a
sua beleza. Mas, o que isso realmente muda? O meu outro eu, por acaso, vive em
mundo melhor? Um mundo onde o arco-íris brilha com as verdadeiras cores da primavera,
sem uma cortina mística escondendo a coreografia ensaiada de marionetes
dançando numa libertinagem barata. Esse vazio que me assola, bem, eu acredito
que todos devem senti-lo nas entranhas, corroendo cada célula e entupindo cada
veia de sangue em um constante vai-e-vem de prazer e dor, atração e repulsão,
que é a verdadeira essência das coisas naturais. Nós não somos forçados a
descobrir o lado escuro e destruidor de nós mesmos, apenas fomos condicionados
com as mesmas imagens e palavras que nos transformam em estranhas aberrações
escravizadas por um circo de demônios, cantando e pulando sobre nossos
cadáveres, enquanto acreditamos estar vivendo nossas vidas sem nenhuma intervenção.
O dinheiro e o poder daqueles que estão no topo os fizeram esquecer de suas
purezas quando eram apenas um bebê nos braços da mãe, embora alguns deles sejam
abusados sexualmente e obrigados a assistir sacrifícios explícitos de humanos e
animais, a fim de que sejam dominados até o último suspiro. Os que conseguem
escapar são, no pior dos casos, assassinados sob uma justificação enganosa
dentro de uma data cerimonial para que sirvam de oferenda àquele que os rege
das trevas. Luz, eles dizem, por que a felicidade que desfrutam é farta, mas
tão ilusória quanto suas almas que desaparece até o corpo tornar-se oco, sem
que possam recobrar suas consciências. Desta forma a maldade se torna um
alimento saudável e insaciável, e eles
bebem a iniquidade como água, sustentando-se através do esforço dos pobres, por
que a manipulação
monetária é tão diabólica que o endividamento cresce através do crédito e cria
uma conta vazia onde é depositado todo o dinheiro inexistente. Sendo assim, por que
continuamos vivendo como pilares de um castelo de fantoches? A religião
pregaria que eles já possuem o seu galardão, como se pudesse existir algum
preço à altura de toda maldade que acontece no mundo. O dualismo insistiria que
para um rico existir, um pobre também deve existir, tal como a luz e as trevas,
mas esse argumento é tão sem sustento que serve apenas como proteção para com
os que dominam a terra. O que eu digo é que não existe
justificativa para a corrupção e que todos que se ajoelham colaboram com o caos
que se disfarça de bondade. Ora, a natureza é muda para o hipócrita. É por isso
que a peste, a fome, a guerra e a morte prevalece, pois para manter o
equilíbrio dos que estão no poder é necessário forjar uma saída justificada, enquanto a humanidade assiste de braços cruzados em um poltrona apodrecendo e uma grande tela com um rabo em formato de tridente, sempre pronta
para distraí-los e leva-los para outra realidade paralela que nunca existiu e
nunca existirá.
quinta-feira, 30 de março de 2017
Fragmentado
Em um
aperto torturante minha alma marcada cai no sono, afogando-se em um mar de insensatez,
ela sente o corpo sacudir com uma dor imaginária enquanto lentamente minha persona se divide. Sendo uma necessidade indispensável, minhas mãos se
erguem para o sacrifício de louvor, uma adoração interna, porém cruelmente
sujeitada a uma vontade confinada. Esta
dor atemporal não é fácil de esquecer, pois esses pensamentos deturpados, essas
atitudes irracionais, são como um declínio emocional causando a miséria
opressiva à beira da extinção. As palavras infiéis oprimem o que língua tenta dizer, por que quem tolera a obediência está totalmente sujeito a ser
enganado. Os meus planos fracassam por
falta de conselho, pois apesar de possuir uma alta sabedoria, todo pensamento é
mantido em cativeiro. Afinal, por que manter esse título, se nada mudou? Essa
estagnação de larvas parasitas sugando meu cérebro para esquecer o meu real
propósito neste mundo mostra que a negação é uma traição difícil de conciliar. Passividade e descontração, esta é a vontade do meu corpo,
mas quando abro meus olhos sou curado da letargia debilitante, vendo aquilo que
sempre esteve diante da fratura do mundo: nada menos do que uma realidade
defeituosa. Ah, terna manhã, que transforma o ar nublado cheirando a câncer em
um sentimento de percepção, talvez eu precise que você projete essa imagem do fragmento da minha espécie sendo condicionada ao lapso de um
futuro incerto. Todas essas variadas delícias abundantes em uma terra escondida
do som, são coisas que não consigo conceber, pois a escuridão é ofuscante,
assombrosa e manipuladora. Eu assisti meu
interior sendo tocado por uma inclinação ou ficção que alimentava minha carne, uma
ousadia engolindo cada palavra escrita, para rejeitar à divindade
intencionalmente inconsciente, numa solidão que me arrastava para a morte, pois
a partir da habitação do silêncio, a tristeza me fez permanecer em um conforto
ilusório na ausência do espírito sagrado. Assim, a vida ignorante continua
cumprindo seu papel, preparando-me para toda perfeita vontade de um mundo
manifestado por um tormento verbal. Mas a minha existência
é real, eu estou aqui para conciliar e fazer novas ligações com um destino
desencadeado sobre este vazio, por que isso é algo que não pode diminuir pensamentos fúteis, mas enquanto meus
ossos apodrecem, vergonhosamente aquém das expectativas, todo aquele que
encobre os erros do seu caminho tem um objetivo maior, algo que não pode ser
compartilhado, pois a morte persegue a língua que fala alto sobre o que não deve
ser dito. Em algum
lugar a minha mente está petrificada no tempo, esperando a graça solenemente do
meu retorno, pois se muitas sombras me rodeiam é por que eu emito luz. Agora
tudo o que minha mente parece guardar são agressões de uma visão manchada,
estimulando palavras que possam dar assistência à uma vida dura e amarga
produzida pela sociedade. Retido em compaixão, eu não estou sinalizando
fraqueza, apenas dizendo que o acesso ao arrependimento é absolvido pela
justificação da fé, pois se o esforço fornecesse expiação, o homem não precisaria
escapar do juízo eminente. Oh, condenada natureza humana, o poder é depravado e
a finalidade projetada a ser cumprida! Como pensamentos intermitentes de uma
vida passada, o meu jugo foi destruído, submetendo uma infiltração mental pelas
cordas da aflição e apelando aos desejos fatais da carne, pois a depravação da
alma é apresentada por um ganho injusto de ambições egoístas que formam um
feto desnutrido.
domingo, 20 de novembro de 2016
A Nova Era da Aurora
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Mausoléu
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