quinta-feira, 30 de março de 2017

Fragmentado

    Em um aperto torturante minha alma marcada cai no sono, afogando-se em um mar de insensatez, ela sente o corpo sacudir com uma dor imaginária enquanto lentamente minha persona se divide. Sendo uma necessidade indispensável, minhas mãos se erguem para o sacrifício de louvor, uma adoração interna, porém cruelmente sujeitada a uma vontade confinada.  Esta dor atemporal não é fácil de esquecer, pois esses pensamentos deturpados, essas atitudes irracionais, são como um declínio emocional causando a miséria opressiva à beira da extinção. As palavras infiéis oprimem o que língua tenta dizer, por que quem tolera a obediência está totalmente sujeito a ser enganado.  Os meus planos fracassam por falta de conselho, pois apesar de possuir uma alta sabedoria, todo pensamento é mantido em cativeiro. Afinal, por que manter esse título, se nada mudou? Essa estagnação de larvas parasitas sugando meu cérebro para esquecer o meu real propósito neste mundo mostra que a negação é uma traição difícil de conciliar. Passividade e descontração, esta é a vontade do meu corpo, mas quando abro meus olhos sou curado da letargia debilitante, vendo aquilo que sempre esteve diante da fratura do mundo: nada menos do que uma realidade defeituosa. Ah, terna manhã, que transforma o ar nublado cheirando a câncer em um sentimento de percepção, talvez eu precise que você projete essa imagem do fragmento da minha espécie sendo condicionada ao lapso de um futuro incerto. Todas essas variadas delícias abundantes em uma terra escondida do som, são coisas que não consigo conceber, pois a escuridão é ofuscante, assombrosa e manipuladora.  Eu assisti meu interior sendo tocado por uma inclinação ou ficção que alimentava minha carne, uma ousadia engolindo cada palavra escrita, para rejeitar à divindade intencionalmente inconsciente, numa solidão que me arrastava para a morte, pois a partir da habitação do silêncio, a tristeza me fez permanecer em um conforto ilusório na ausência do espírito sagrado. Assim, a vida ignorante continua cumprindo seu papel, preparando-me para toda perfeita vontade de um mundo manifestado por um tormento verbal. Mas a minha existência é real, eu estou aqui para conciliar e fazer novas ligações com um destino desencadeado sobre este vazio, por que isso é algo que não pode diminuir pensamentos fúteis, mas enquanto meus ossos apodrecem, vergonhosamente aquém das expectativas, todo aquele que encobre os erros do seu caminho tem um objetivo maior, algo que não pode ser compartilhado, pois a morte persegue a língua que fala alto sobre o que não deve ser dito. Em algum lugar a minha mente está petrificada no tempo, esperando a graça solenemente do meu retorno, pois se muitas sombras me rodeiam é por que eu emito luz. Agora tudo o que minha mente parece guardar são agressões de uma visão manchada, estimulando palavras que possam dar assistência à uma vida dura e amarga produzida pela sociedade. Retido em compaixão, eu não estou sinalizando fraqueza, apenas dizendo que o acesso ao arrependimento é absolvido pela justificação da fé, pois se o esforço fornecesse expiação, o homem não precisaria escapar do juízo eminente. Oh, condenada natureza humana, o poder é depravado e a finalidade projetada a ser cumprida! Como pensamentos intermitentes de uma vida passada, o meu jugo foi destruído, submetendo uma infiltração mental pelas cordas da aflição e apelando aos desejos fatais da carne, pois a depravação da alma é apresentada por um ganho injusto de ambições egoístas que formam um feto desnutrido.