Tentação |
Desta e outras luas, era esse o meu anseio de conhecer sua verdadeira motivação, a ternura do seu sorriso desvanecendo minhas forças e impedindo-me de encontrar a sua voz, de voar na brisa de um céu rubro como uma lua de sangue desejando acordar com a alegria de que o tempo nunca existiu ou que a esperança seria revivida na serenidade da sua presença. O seu olhar tornou-se o meu pensamento do dia, tentando ouvir na ventania os sons do seu lábio rosado e petrificado, tão cheios de desejos esquecidos.
À beira da nudez |
O sabor amargo desta culpa paralisante me faz sentir que cada passo para frente é uma agonia ou uma espécie de contato comigo mesmo, aos poucos eu percebo que criei o meu próprio inferno de carne e ossos, meu corpo se tornou como um cofre trancado e meus lábios selados como um mudo guardando seus segredos. Carregado de ilusões e mentiras, vivendo da minha maneira e pagando o preço pelos meus erros, os gritos de raiva desaparecem como uma gota de chuva escorregando pelo túnel do esgoto – sujo e cheio de sementes de ódio que nascem a mercê da minha consciência, o sol é apenas uma viagem para o esquecimento do amanhã.
Mate-me de prazer |
Como um diamante que corta a luz, a radiação de suas mentes move-se muito acima de um tedioso desejo, possuídos pelo fantasma de seus corações numa graciosidade à procura de qualquer outro lugar que possa preencher o vácuo de seus interiores vazios, assombrados por uma voz lamuriosa. Suas almas são como ondas violetas caindo aos pedaços, como se estivessem predestinados à fatal sensação que bloqueia a passagem para uma delicada intimidade, pois seus sentimentos são um só.
Deite-se com as trevas |
Sob um lugar aonde nada é como pareceu uma vez, eu chamo seu nome e você vem como uma prostituta disposta a meu bel prazer, seu olhar de consolo inflama com a chama da ternura, seus desejos se erguem em pálidos membros frágeis tocando e esmagando com uma dança apressada, trazendo um sorriso cínico na névoa da hora mais escura da noite e inundada antes da primeira respiração do alvorecer.
Um Amor Pelo Qual Morrer |
Tão alto quanto poderia estar, eu tento enxergar de longe o lugar pelo qual estou destinado a ir, onde uma donzela descansa em seu leito, rezando por um amor pelo qual morrer. Em um piscar de olhos, meus pensamentos me levam até sua casa, mas minha presença não é sentida, apenas o vento que se intensifica à medida que eu me aproximo envolto de trevas, enquanto uma pétala de rosa pousa sobre o chão do seu quarto. Por mais frio que estivesse lá fora, agora eu me sinto aquecido, pois o calor que emana da sua pele equilibrou a temperatura e fundiu-se à frieza do meu ser, uma nuvem de sombra que paira sobre seu corpo. Movendo-se inquieta, você sabe que algo está errado, mas arrisca-se a fechar os olhos e deixar que aquilo te cubra por inteiro, uma sensação de está sendo engolida por um mar de escuridão.