Entre os lençóis carmesim uma
presença se espalha como uma febre escura, enegrecendo as paredes com braços
reconfortantes numa radiante escuridão prata repousando inteiramente na
calmaria de uma agitação exacerbada. O céu da meia-noite lança seu feitiço e o
cheiro de alecrim doce desperta os amantes libidinosos debaixo da neve virgem
ofegando entre árvores nuas e levando uma música libertina através da brisa de
uma aura atraente. Como membros recém-nascidos de um bebê chiando a cada passo,
os gemidos inexprimíveis enchem a terra com um suspiro recheado de vontades
luxuriosas, vibrando entre olhos cheios de morte e seduzidos a entregar seus
corpos para o apetite selvagem do prazer. Através de uma clareira encantadora em
uma noite estranhamente serena com perfume no ar isto está apenas começando, a
ficção chega quando os sinais de amor florescem as armas da sensibilidade e nos
libertam da vergonha, mas é na realidade que sentimos a envenenada injeção como
uma dádiva no céu escuro, escondendo entre arbustos de uma noite chuvosa os
olhares das almas em pedaços se deitando na poeira de suas efígies enganadoras.
O giro erótico dos súcubos começa quando você não consegue mais dançar, quando
sua mente acelera no desejo de ouvir a canção sexual evocada e o incenso da
pulsação penetra as silhuetas do seu corpo inabitado. Sob um lugar aonde nada é
como pareceu uma vez, eu chamo seu nome e você vem como uma prostituta disposta
a meu bel prazer, seu olhar de consolo inflama com a chama da ternura, seus
desejos se erguem em pálidos membros frágeis tocando e esmagando com uma dança
apressada, trazendo um sorriso cínico na névoa da hora mais escura da noite e
inundada antes da primeira respiração do alvorecer. Com passos provocantes eu
sinto você se aproximar e seu coração bombeando numa fome crescente por toques
gelados, abrindo sua alma para entregar-me por completo e satisfazer seus
desejos como um carneiro para o abate, deixando-me deslizar para dentro e
rastejar por seu sangue como uma mancha de óleo no mar, emocionando sua carne
fresca com beijos ardentes e provando a fruta doce da sua seiva drenada entre
lençóis manchados. Debaixo do céu vermelho e da voz descontrolada do vento, eu
sou o fogo que queima dentro do seu sangue e a tentação que não se afasta da
sua cama, seus lábios frios se corrompem com a rubra mordida lambendo a maré da
paixão obscura enquanto envolve a batida rítmica dos espasmos de êxtase...
deixando os problemas fugirem e deslizando com facilidade dos meus pés para os
joelhos, me possua e me sacie, deite-se comigo e compartilhe o sabor deste gozo
queimando, vamos viver rápido e perigosamente com corações cheios e vozes
altas, bêbados numa alegria desenvergonhada enquanto desvanecemos no ar com
cheiro de almíscar e provocamos a picada envenenada da serpente do diabo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário