sexta-feira, 7 de agosto de 2015
Mil Olhos e mais Um
domingo, 5 de julho de 2015
Um Banquete para o Vaidoso
domingo, 28 de junho de 2015
Quando as Luzes se Apagam
Plenamente acordado, no esplendor da noite eu
sinto a companhia da cativante escuridão, onde todos os erros parecem estar
certos e toda estrela se assemelha a um sol recém-nascido. Uma vez minha vida
foi simples e serena, eu podia ouvir a melodia quase esquecida do silêncio,
dançando numa frágil pele de criança enquanto o medo da nudez desaparecia, mas
como um beijo do anoitecer os ventos congelantes varreram meu coração para
longe da minha inocência, lançando-me para o sepulcro da mente como sombras
saudando-me nas rachaduras do espelho cravado em minha íris, sombras malignas,
com sinais de um amanhã inexistente, mantendo meus olhos sob a obscura luz
ilusória, com águas nebulosas e geladas à minha volta, atravessando minha alma
abandonada por deus... as águas que uma vez me abençoaram, agora queimam minha
pele e varrem-me das margens rasas para um rio escuro e profundo, acenando
minha abdicação enquanto engulo as águas da mentira e movo-me lentamente pelo
âmago da luz nascente sobre o oceano onde minha vida jaz adiante. É aqui que
isto deve acabar, eu desejaria retroceder no tempo, mas muito distante para
dizer o que compartilhamos e tivemos de tão divino, uma voz lá de dentro brinca
com minhas emoções e promete prazeres para escravizar meu coração, porém agora
eu estou no controle de todas as coisas e serei absolvido do que fiz. “Fale meu
amigo, você parece surpreso, eu imaginei que soubesse que eu viria disfarçado
em asas de branco como um anjo, eu posso fazer seus sonhos se tornarem
realidade, que belo par, eu e você, em uma jornada pela noite! Eu venho da luz
celestial, eu tenho todos os álibis e qualquer forma de luxúria em você irá
tremer ao meu toque, pois não importa se você esquecer nosso vínculo e seguir em
frente, pense bem, sua alma será minha no dia que você morrer. Eu sou aclamado
pelos anjos e banhado pelo luar, sou o verdadeiro discípulo da sua carne e até
que não haja mais resistência, estou certo de que nos encontraremos novamente.”
À crista de noites escurecidas, esta é a voz de sedução do caçador, cantando
eternas lendas místicas como ecos sucumbidos de um paraíso negro lá nas alturas.
Eu sento sobre estas rochas mais altas e observo as ondas se chocarem contra a
costa, desejando poder abraçar o mar e olhar para seus olhos esperando por
uma resposta, mas ninguém poderia entender esse sonho tão infantil, a dor e o
sofrimento, a vontade de negociar outra assinatura, pois ele fala em enigmas e
rimas, e suas palavras são como um alimento que nunca sacia. Como eu cheguei a querer você, assim como o solo
anseia pela chuva, você nunca saberá o quanto sinto sua falta, ou o quanto eu
temi... encontrando um caminho que criei à minha própria maneira, mas este é o preço que paguei pela minha escolha: você se tornou a
prisão da minha mente para que eu aguardasse pela aparição das rosas selvagens. Vá e pinte a escuridão com a sua luz, apenas lembre-se de que eu me deitei sobre esta página,
e há eras estou escrevendo um capítulo final, mas até que os meus olhos se fechem, eu sei que você voltará sussurrando o meu nome.
sábado, 16 de maio de 2015
Coração de Gelo
quarta-feira, 22 de abril de 2015
A Carta Negra
Sensual
carta anônima
“Amada minha,
No flutuante lago sem forma da sua canção, sua voz
atraiu-me amorosamente para dentro dos seus olhos.
A luz verde brilhava em seu rosto, enchendo os que te
rodeavam com o mais belo brilho da meia-lua dolorida, amarga e triste.
Como a sombra de um amante faminto eu transava com
seus olhos cantantes, arrepiando-me como um sentimento que transformava seu corpo
em pecado.
Cada batida do seu coração era cansada, mas seus
olhos efêmeros eram cobertos por uma esmagadora tristeza como rostos sujos de lama, amenizados pelo calor incandescente de um auxilio inconsolável.
Em silêncio eu observava numa nuvem de memória, meus
olhos brancos e secos choravam um rio de escuridão, sentindo calafrios em cada
verso da sua melodia até perceber que não havia espaço para mim, pois você
sempre me tratou como uma doença mortífera.
Durante anos eu me perguntei, o que eu via em você ou
nas outras amadas?
Fizeram-me entrar em colapso e esquecer de que as
trevas ocultam a luz do conhecimento, arruinando minha vida com palavras
torcidas e mentiras que me levaram direto para um mergulho no lago negro.
É imensamente hediondo da sua parte achar que esta
carta foi escrita somente para satisfazê-la, afinal encantado pela aurora que emana
da sua beleza, o que eram minhas palavras além de ilusões de um olho nu ou
fantasmas deitando no piso do seu quarto?
Eu finamente vejo por que eu me apaixonei por você,
agora eu vejo, o que você realmente significa para estes olhos vazios que estão
olhando de volta para mim.
Com um lenço eu sinto a dor desta última ferida como uma
falsa fixação nas suas costas segurando minha vida pela pele dos seus
dentes.
O que me resta é limpar a mente de um sentimento morto
para ser invadido pela mancha escura que escorre num quieto desespero em meus lascivos
sonhos.”
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