Um Banquete para o Vaidoso
Caminhando nas sombras da minha mente
enegrecida, eu procurei um lugar para festejar. Um lugar para olhar as
estrelas, um chão frio para se deitar, candelabros magníficos para iluminar seu
olhar, dançando livremente no crepúsculo e erguendo sua taça para louvar o
brilho da loucura que nos cega, pois a vida até agora tem sido um desperdício. Elas
eram tão adoráveis, aquelas amadas e suas singelas palavras – uma tinha a pele
aveludada e branca, a outra, uma virgem livre do pecado, a próxima me levava
aonde os amantes vão para dormir e a última trouxe sensações infindáveis como
noites quentes de verão. Mas dentro da luz nós desaparecíamos, jovens levados
pela melodia de suas falhas com o pôr-do-sol em seus olhos, vivendo o amor
enquanto suas almas fragmentadas gritavam e seus corpos voavam até que suas asas
virassem cinzas numa queda sob o espaço vazio onde o amor costumava brilhar. Para
forjar um futuro que eu poderia chamar de nosso, eu continuava quieto e calado,
observando a chuva cair sobre elas, o vento sussurrava suas vozes como
respirações geladas dentro de mim, sentindo suas ansiedades e medos à procura
de um amor para abraçar, mas elas apenas viam um homem através de desertos
cruéis da dor transformando seus dias escuros em noites claras. Sob a luz das
estrelas elas brilhavam em solidão, a morte pousava sobre suas carnes como uma
geada fora de hora cobrindo a mais doce flor do campo, e lá eu plantei minha
semente, num rito para restituir a verdade, pois aquilo que adquirimos no
momento em que alcançamos o que a vida tem a oferecer é o que nos torna únicos.
É hora de pegar tudo o que eu deixei dentro do seu coração, a força que decide
o curso do seu próprio destino, a fortuna, glória e triunfo... faça um pedido e
adote uma posição, e eu prometo o mundo para você, o sol pintará em seu rosto
como ouro dizendo que você não deve ter medo de viver. Pese o amanhã em suas
mãos para acordar no ontem e atravesse as fronteiras do hoje adormecido, por
que todos nós partiremos em breve, num momento de sobriedade, nós aprendemos a
ver que não fomos feitos para durar pela eternidade. Esta é a natureza de um
coração verdadeiramente vivo: em uma rápida olhada pela infância, eu me lembro
do sorriso de uma mãe, onde as palavras do vento eram honestas e a sonoridade
dos pássaros como beijos suaves em nuvens claras, sentado debaixo de uma árvore
frondosa apreciando sua sombra e sentindo o cheiro da grama ainda com gotas de
orvalho a evaporar, outrora o luar com auréolas reluzentes sobre flores belas e
cheirosas, uma rosa silvestre negra desabrochando e mostrando que aqui era o meu
lugar, mas às vezes temos que alterar os caminhos que planejamos, vivendo onde
as estórias não são contadas como um sacrifício pelos dias passados. As almas
não acordadas procuram por um álibi sob a luz rasa da noite, favorecendo a voz
de um coração frágil em uníssono com o instinto da deidade, mas suas palavras envenenadas
ecoam na cabeça como uma mosca infestada de poesia sussurrando seu anseio pela
morte.
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