sexta-feira, 2 de setembro de 2016
O Castigo da Glória
Nosso
sol está se pondo, nosso dia já se foi, mas o vento frio sopra o riso das
crianças ecoando através das paredes. Quando olho para cima, o silêncio das
estrelas esconde tudo, e pergunto-me: onde está a luz que brilha tão clara? As
sensações mudam, mas nós continuamos os mesmos, com nenhum dos nossos feitos em
vão, pois todo momento solene é guardado na memória como um vento silencioso
apagando uma vela. Ajoelhado, eu rezo coragem para essas almas vivendo em
corações destemidos, deixando a dor vendada com a neve chorando suas lágrimas
de inverno e enfraquecendo a luz muito além daquela estrela brilhante. Nós
sentimos a escuridão enfraquecer o sol da manhã nascendo, os sentidos se
entorpecem e enervam as mentiras que contam para nós, um flash de luz clamando
pelos escolhidos, o coração celeste, a sabedoria, a voz que chama de dentro, mas poucos são os que dão ouvidos. Logo o tempo esquecido vem outra vez, trazendo
o rastro da tristeza marcado na memória, andando sozinho em sonhos amorfos,
pois cada pequeno instante é um milagre nessa terra devastada onde o calor do
sol parece tão longe. Sem destinatário para dar sentindo ao que estou dizendo,
eu estou andando como uma bomba relógio sem fusível, apenas tripas e sangue
coagulando, com poderes fantasmagóricos controlando o meu novo gênese
espiritual, onde os espíritos voam livres e escolhem seus próprios destinos,
unos com o vento e defensores da criação. Voar alto, para amenizar a dor
ardente, com as cores borrando através da chuva no fim do arco-íris, onde um
clarão na noite e uma viagem pelo tempo nos guarda na proeza e vontade de
sobreviver para sermos liderados pela luz guia que nos acorrenta na chama
eterna. Unidos, ficamos juntos. Cumprindo nosso destino, estamos atendendo ao
chamado da grande obra de deus: os portões de sombras marfim se abrem e nós
caímos em devaneios, onde tudo que você vê são seus sonhos realizados e as
palavras faladas em um momento sóbrio, pois a liberdade não vem daquilo que
você possui, mas do conhecimento e da confiança em si mesmo para
recomeçar novamente. Veja o bandido sozinho sob o sol ardente, você acha que
ele sabe o que está fazendo? As terras hostis agora são o seu lar e não há
nenhum sinal de vitória, pois ele perdeu a sua liberdade. O perseguidor de
todos os perigos veio cobrar seu pedágio, e na calada da noite ele surge como
um fora-da-lei fugindo da lua radiante, renegando seu pecado e andando na
terra da sombra sem som como um impressionante réptil feroz e traiçoeiro.
Arrastando-se através do vale de chuva e trovoada, o dragão, isto é, a serpente
jaz sangrando, com o castelo do éden a observando silenciosamente de cima,
enquanto a escuridão a cerca. Nós olhamos através dos olhos do mundo, e sabemos
que há um estranho entre nós, aguardando um sinal de cima para conquistar o seu
poder e a sua glória. Venha, feche seus olhos e aproxime-se de mim, sinta minha
respiração sob sua pele e seja puxada pela mão assassina para quebrar essas
correntes e voar, pois ninguém pode negar que o nosso futuro está definido a
chegar além dos céus. Acima da glória nós vamos continuar, mas o campo de
batalha está brilhando vermelho com o sol iluminando os mortos. Enquanto eu
cubro a trilha atrás de mim para ficar fora da luz, eu sei que há algo vivo na
escuridão, eu posso sentir o seu poder e a sua força: não há lugar para ele no
céu, condenado a cavalgar aqui para sempre, este será o seu último lugar para morar.
Com vulgares moscas e corvos a chorar, sem estrelas brilhando no céu escuro,
seus olhos vermelhos se transformam em preto, e ele é
abandonado pela criação perfeita. Como uma luz num beco vagarosamente indo
embora, ele se torna uma lembrança despedaçada, e se antes brilhava com todo
seu esplendor, agora as trevas o aprisionam em cadeias eternas. Orgulhoso de
seu reino por intervenção divina, o gosto do sangue e doce vingança parecem
amargos na sua boca, então, o morcego acorda de seu sono profundo. Rendendo sua
alma, rendendo seu orgulho, você quer que eu volte e lute por quem eu sou? Nós
não sabemos, nós não sentimos, nós não vemos, nós não falamos, nós não ouvimos. Estas são as suas
três tentações escritas: a luxúria da carne, a luxúria dos olhos e finalmente,
o orgulho da vida. Possuindo sua alma, essas tentações encobrem os demônios que
influenciam, atirando sombras na luz para construir uma terra de caos trazida do
abismo que reflete aquele que nos governa. Há somente puro mal e indiferença
sobre seu nascimento, mas na tumba dos mortos, um homem respira sozinho,
escurecendo seu trono na espera do grande dia final.
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