quinta-feira, 23 de novembro de 2023
Sob o Espectro da Luz
Flutuando em torno do céu límpido, o sol veio ao
seu encontro comigo, procurando por algo através dos vales e dos mares, uma
alma que estava perdida e escondida da sua visão. Agora a paz e o amor me
acolhem como um salgueiro, eu finalmente enxergo a fina face da verdade, por
que hoje foi o dia que escolhi para morrer. Eu me vi partindo de muitas formas:
incinerado por chamas, amarrado debaixo das águas ou sangrando por um punhal,
no entanto, tudo isso emergia dos pensamentos do velho homem, quando eu não entendia
o mistério da vida e o segredo que transbordava em meus dias restantes. Eu
tinha uma mente suja e pecaminosa, por que vivia longe da consciência do filho
do altíssimo, sofrendo de amor por uma chama apagada, enquanto eu me deixava cobrir por suas sombras e minhas
faíscas voavam. Foi somente quando meus olhos tocaram aquelas
palavras, aquelas divinas e santas palavras, que eu me vi há muitos anos atrás,
quando a luz emanava dos meus olhos e eu andava de mãos dadas com a santidade,
quando eu me sentia tão protegido que conseguia ir onde quisesse sem passar fome,
por que os céus me alimentavam com algo além do material: o amor incomensurável
e eterno, a pureza sutil das coisas naturais e toda benevolência da criação. Não
era um amor comprado, tão pouco uma barganha por sua graça. Deus estava comigo,
e quanto mais frio fazia, mais eu era embrulhado, quanto mais angustia eu
sentia, mais consciência eu tinha, quando tudo parecia perdido, eu me reencontrava
– agora eu entendo que estava abandonando a fonte, mas que a própria natureza,
a tão esplendida vida e o tão amável espírito santo... nunca desejaram que eu
partisse, não por algo tão frívolo como o amor efêmero ou por que não
conquistei coisas vãs e passageiras, por que o próprio deus encarnado não
precisou de nenhuma dessas coisas para transmitir o verdadeiro sentido de estar
vivo, a preciosa essência da harmonia com a natureza, o silêncio da soberania
do nome que está sobre todo nome e do amor puro pela humanidade. Hoje eu vejo o
que a cegueira do ego e a escuridão da minha própria adoração me impediram de ver:
que eu sou luz, pois assim como uma pessoa morre e todos pagam o preço, para
cada alma que é salva, todos os anjos comemoram sua redenção, por que a luz que
brilha de um homem que anda nos céus vale mais do que uma multidão de pessoas
que ainda não entenderam o significado do amor ao próximo. Não se trata de
braços que estendem mãos vazias, por que melhor é a mão direita que não sabe o
que faz a esquerda, desde que tudo seja feito em verdade e pelo reconhecimento dos
anjos, para que homens não glorifiquem homens. Portanto, eu entendi que ninguém
além de mim precisa saber a intensidade da minha conexão com deus ou de toda
contribuição que eu dou para o mundo – isso tudo é vaidade, e um mistério que
eu só preciso compartilhar com meu criador. Em silêncio e por trás do palco, é
onde flui a grandiosidade, a bondade e o amor que muitos acreditam não existir.
O amor flui nas almas conscientes, nos que dão sem esperar nada em troca, nos
que fazem sem desejar a fama entre os humanos, por que o mundo jaz em trevas e avareza,
e são poucos os que realmente movem a régua da virtude e do amor divino. O
mundo não precisa de mais pessoas com egos inflados por uma ação hipócrita, ele
precisa de pessoas que realmente realizam, em secreto, a vontade dos céus. Você
não os verá na televisão, nem lerá um livro sobre suas histórias, nem ouvirá
falar sobre eles, por que a bondade e a transcendência desses seres é semelhante
ao filho de deus, o qual é reconhecido pela ordem celestial, não por meros mortais.
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